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quarta-feira, 7 de maio de 2008

Limpar o ar pode aumentar a freqüência de secas na Amazônia, revela estudo

Emissões do poluente dióxido de enxofre ajudam a controlar o aquecimento global.
Pesquisadores recomendam redução ainda maior dos gases do efeito estufa.

Limpar o ar está fazendo mal à Amazônia, segundo um estudo internacional que teve a participação do climatologista brasileiro Carlos Nobre. De acordo com a pesquisa, a diminuição das emissões de dióxido de enxofre na atmosfera pode ter sido a grande responsável pela forte seca que atingiu a floresta em 2005. Esses químicos, que fazem muito mal à saúde, servem também para retardar os efeitos do aquecimento global.

O dióxido de enxofre é emitido principalmente durante a queima de carvão nas termelétricas, e ocorre em maior quantidade na América do Norte e na Europa. Quando ele chega na atmosfera, passa por algumas reações químicas e vira um sal, ou “sulfato”. Esse sal deixa as nuvens mais brilhantes, o que reflete parte da luz do Sol de volta para o espaço e ajuda a esfriar um pouco o planeta.

Essa poluição ao longo dos anos no Hemisfério Norte manteve as águas do Atlântico mais frias e, por conseqüência, a Amazônia mais úmida do que o que seria esperado, segundo o trabalho de Nobre e seus colegas da Universidade de Exeter, no Reino Unido.

A equipe criou um programa de computador que simulou as condições climáticas da região para verificar o impacto desses aerossóis na floresta. Em 2005, a redução dos lançamentos de dióxido de enxofre deixaram o oceano mais quente. Com isso, houve também uma diminuição nas chuvas na Amazônia.

Apesar desse “benefício inesperado”, essas emissões são prejudiciais ao planeta e às pessoas. “Os sulfatos fazem muito mal à saúde, além de estarem na raiz da formação de chuvas ácidas”, afirmou Nobre.

Por isso, os pesquisadores não recomendam que se pare de tentar eliminar a emissão de dióxido de enxofre. “O estudo indica que devemos acelerar ainda mais a redução das emissões dos gases que causam o aquecimento global também para compensar a eliminação do fator de resfriamento dos sulfatos”, explica Nobre.

“Em resumo, devemos tudo fazer para não permitir que as temperaturas na Amazônia subam mais que 2ºC. Se subirem muito mais, acima de 3ºC ou 4ºC haverá sérios riscos para a floresta.

Se nada for feito para resolver o impasse, os cientistas projetam que eventos como o de 2005 ocorram de dois em dois anos a partir de 2025. De 2060 em dia, nove em cada dez anos poderão ser de seca na Amazônia.

www.g1.com.br - com alterações

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