Marcus Farah
Usina em Pernambuco vai produzir e vender biodiesel e bioetanol de algas.
Projeto tem investimento de R$ 19 milhões e reduz emissão de CO2
O estado
de Pernambuco, no Nordeste, deve receber a partir do último trimestre de 2013 a
primeira planta industrial de biocombustível produzido com algas marinhas, que
promete contribuir na redução do envio de CO2 à atmosfera.
O
projeto, uma parceria entre o grupo brasileiro JB, produtor de etanol no
Nordeste, e a empresa See Algae Technology (SAT), da Áustria, contará com
investimento de 8 milhões de euros (R$ 19,8 milhões) para montar em Vitória de
Santo Antão – a 53 km de Recife - uma fazenda vertical de algas geneticamente
modificadas e que vão crescer com a ajuda do sol e de emissões de dióxido de
carbono (CO2).
Segunda a empresa, é a primeira vez no mundo que este tipo de combustível será fabricado e comercializado. Atualmente, a tecnologia só é desenvolvida para fins científicos. Laboratórios dos Estados Unidos e até mesmo do Brasil já pesquisam a respeito.
Segunda a empresa, é a primeira vez no mundo que este tipo de combustível será fabricado e comercializado. Atualmente, a tecnologia só é desenvolvida para fins científicos. Laboratórios dos Estados Unidos e até mesmo do Brasil já pesquisam a respeito.
No caso
da usina pernambucana, o biocombustível será produzido com a ajuda do carbono
proveniente da produção de etanol, evitando que o gás poluente seja liberado na
atmosfera e reduzindo os efeitos da mudança climática.
De acordo
com Rafael Bianchini, diretor da SAT no Brasil, a unidade terá capacidade de
produzir 1,2 milhão de litros de biodiesel ou 2,2, milhões de litros de etanol
ao ano a partir de um hectare de algas plantadas.
O produto
resultante poderá substituir, por exemplo, o biodiesel de soja, dendê, palma ou
outros itens que podem ser utilizados na indústria alimentícia aplicado no
diesel -- atualmente 5% do combustível é biodiesel.
“É uma
reciclagem [do CO2 emitido] e transformação em combustível. Um hectare de algas
consome 5 mil toneladas de dióxido de carbono ao ano. O CO2, que é o vilão do
clima, passa a ser matéria-prima valorizada”, explica Bianchini.
O sistema de iluminação da fazenda de alga concentra a luz do sol e a transmite por fibras óticas até reatores fechados, onde as algas realizam a fotossíntese (Foto: Divulgação/See Algae Technology)
Mas como
funciona?
Em vez de criações de algas expostas, a SAT planeja instalar módulos fechados com até cinco metros de altura que vão receber por meio de fibra óptica a luz do sol (capturada por placas solares instaladas no teto da usina). Além disso, há a injeção de CO2 resultante do processo de fabricação do etanol de cana.
De acordo
com Carlos Beltrão, diretor-presidente do grupo JB, a previsão é que projeto
comece a funcionar a partir de 2014 e seja replicado para outra unidade,
instalada em Linhares, no Espírito Santo. “Hoje nossa missão é tentar trabalhar
e chegar ao carbono zero. Nós produzimos CO2 suficiente para multiplicar esse
investimento em dez vezes”, disse Beltrão.
O biocombustível de algas ainda precisa ser aprovado e validado pela Agência Nacional do Petróleo (ANP).
O biocombustível de algas ainda precisa ser aprovado e validado pela Agência Nacional do Petróleo (ANP).
Bioquímicos
de algas geneticamente modificadas ajudam a reduzir as emissões de carbono para
a atmosfera (Foto: Divulgação/See Algae Technology)
Bioquímicos
Além dos combustíveis, outros produtos resultantes do processamento de algas marinhas geneticamente modificadas são os bioquímicos como o ácido graxo ômega 3, utilizados pela indústria alimentícia e de cosméticos
O ômega
3, que contribui para reduzir os níveis de colesterol no corpo humano e combate
inflamações, é normalmente encontrado em óleos vegetais ou em peixes.
Com a
extração desse ácido das algas processadas e comercialização com empresas
brasileiras, Bianchini espera contribuir com a redução da pesca de espécies
marinhas que já sofrem com o impacto das atividades predatórias. “Seria uma
alternativa para reduzir a sobrepesca e também para não haver mais dependência
somente do peixe”, disse.
Notícia retirada do site: http://g1.globo.com/natureza/noticia/2012/07/nordeste-tera-1-industria-do-brasil-de-combustivel-feito-com-algas-marinhas.html