Pesquisa personalizada

sábado, 21 de janeiro de 2012

Amazônia está emitindo cada vez mais gás-estufa


RAFAEL GARCIA
DE WASHINGTON

A Amazônia é importante para absorver gás carbônico e ajudar a combater o aquecimento global? O estudo mais recente sobre essa questão, que atormenta cientistas há décadas, aponta que ainda há dúvidas sobre se a região é mesmo um "sorvedouro" de carbono. Mas o trabalho conclui que o desmatamento e o aquecimento global estão gradualmente levando a região a se tornar mais uma fonte dos gases de efeito estufa do que um ralo para absorvê-los.

"Não sabemos de onde partimos, mas sabemos para onde estamos indo", disse à FolhaEric Davidson, cientista do Centro de Pesquisas de Woods Hole (EUA), que coordenou o trabalho.

"A mudança talvez seja de um sorvedouro de carbono forte para um sorvedouro fraco ou de uma fonte pequena de carbono para uma um pouco maior, talvez até cruzando essa barreira. Ainda não temos como estimar o fluxo líquido de carbono para toda a bacia Amazônica."

O estudo liderado por Davidson, publicado da edição da revista "Nature" nesta quinta-feira, foi um balanço dos quase 20 anos de pesquisas do LBA (Experimento de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera na Amazônia), o maior projeto de pesquisa em ecologia e geociências da região.

Mesmo sem uma resposta detalhada sobre essa questão estratégica, cientistas comemoram o fato de que os dados da iniciativa têm ajudado nas políticas de preservação da floresta.

"O LBA mostrou que em um período de forte estresse climático, como as secas de 2005 e 2010, a floresta se torna uma pequena fonte de carbono", diz Paulo Artaxo, geofísico da USP, também autor do estudo.

"Isso é importante porque a Amazônia tem em sua biomassa um reservatório de carbono equivalente a quase dez anos da queima mundial de combustíveis fósseis. Qualquer alteração nesse regime é significativa do ponto de vista da mudança climática."

Uma das conclusões que o LBA permitiu tirar é que, apesar de a Amazônia ser robusta o suficiente para suportar fatores individuais de estresse --secas, desmatamento e queimadas, entre outros--, a floresta pode não suportar todos ao mesmo tempo.

"Há sinais de uma transição para um regime dominado por perturbações", dizem Artaxo, Davidson e outros autores do trabalho.



MONITORAMENTO

Segundo o pesquisador brasileiro, um dos problemas em responder a questões complexas sobre o comportamento da floresta diante da mudança climática é que, apesar de ser o maior projeto de pesquisa na região, o LBA não é grande o suficiente.

"Temos 13 torres de fluxo [instrumentos para estudos atmosféricos] hoje em 5,5 milhões de km2. Seria um engano achar que 13 pontos de medida seriam capazes de representar uma área continental do tamanho da Amazônia", diz Artaxo.

"O país precisa ampliar esse sistema para monitorar não só a Amazônia, mas também outros biomas, como o cerrado e o Pantanal."

Editoria de arte/Folhapress


folha.uol.com.br

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Filhote de urso polar rejeitado pela mãe é exibido a turistas na China

(Foto: Imaginechina / LinLin)

Uma ursinha polar recém-nascida foi apresentada em vídeo ao vivo para os turistas do Penglai Ocean and Polar Region World, localizado na província de Shandong, na China.
Nascida em 1º de janeiro, com 640 gramas, ela é filha de dois ursos russos. Sua mãe, chamada Peng Peng, tem cinco anos, a rejeitou após o nascimento. Agora, o filhote recebe cuidados da equipe do Plenglai Ocean and Polar Region World.
A população do urso polar corre o risco de cair até 30% dentro de meio século, segundo a Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês). O aquecimento global oferece um risco elevado para o habitat da espécie.
g1.globo.com

Um bom momento para tomar juízo

Artigo do jornalista Washington Novaes para O Estado de S.Paulo
Washington Novaes
Foto da internet
A nova discussão e votação do projeto de Código Florestal no Congresso, prevista para as semanas depois de terminado o recesso, poderá ser uma boa oportunidade para que os parlamentares, observando o que está acontecendo de desastres em razão de “eventos extremos” (chuvas, principalmente) nos Estados de Minas Gerais, do Espírito Santo e do Rio de Janeiro, entre outros pontos, possam rever dispositivos que reduzem áreas de preservação permanente à beira de rios, em encostas e topos de morros. O panorama naqueles Estados é muito claro: o desmatamento nas três situações reduz a infiltração de água no subsolo, aumenta a erosão e o carreamento de sedimentos para a calha dos rios – e nesta se reduz a capacidade de receber água e manter contido o fluxo hídrico. As enchentes não só afetam culturas como derrubam barragens, destroem pontes e aterros, inundam comunidades, desalojam dezenas de milhares de pessoas. O caso do Rio Muriaé, nestas últimas semanas, é bem típico.
Nada leva a crer que vá mudar o panorama de “eventos extremos”. Estudos nas Universidades de Colúmbia e da Carolina do Norte, nos EUA (Forbes, 23/12/2011), publicados nos Proceedings of the National Academy of Sciences (agosto de 2009), preveem que impactos nos cultivos de milho, soja e algodão, em função de temperaturas mais altas neste século, serão pelo menos 25% a 30% maiores, antes de se iniciar um processo de declínio; as projeções mais pessimistas indicam perdas entre 63% e 82% até o fim do século 21. Também a Organização Meteorológica Mundial prevê que a temperatura terrestre continuará a elevar-se – 2010 foi um dos anos mais quentes desde 1850, entre 1998 e 2011 tivemos os 12 anos mais quentes desde que se registram temperaturas. E estas, se mais elevadas, podem influenciar chuvas mais fortes.
Mesmo no Brasil há informações inquietantes. Estudos do professor Paolo Alfredini, do Departamento de Engenharia Hidráulica e Ambiental da USP (Estado, 1.º/1), mostram que a elevação do nível do mar no litoral norte de São Paulo – segundo registros da Cia. Docas de Santos entre 1944 e 2007 – pode ser calculada em 74 centímetros em um século e deve acelerar-se em 20 anos, para chegar no final do século 21 a um metro nos pontos de menor declive. Água salgada pode comprometer sistemas de abastecimento urbano.
Em nosso país, escreve o correspondente Jamil Chade (Estado, 6/1), enchentes já provocaram prejuízos de R$ 5 bilhões em uma década – dados da seguradora Swiss Re -, além de 120 mortes por ano, entre os 19 milhões de pessoas expostas ao risco. Segundo a ONU, já somos o 13.º país mais vulnerável por esse ângulo, com 246 mil pessoas afetadas por ano, e o 18.º em prejuízos. Só nas últimas semanas, 2,5 milhões de pessoas foram atingidas pelas chuvas, diz o governo federal (Estado, 10/1) – sem falar nas secas extremas no Rio Grande do Sul, com prejuízos de R$ 2 bilhões nos cultivos de soja, milho e algodão.
Desde a década de 1980 o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), da ONU, vem advertindo para o agravamento dos desastres nessa área, mas parecemos surdos, cegos e céticos. Ao menos por aqui. Para ficar só nos fatos mais recentes, em 2010 a hoje presidente Dilma Rousseff prometeu que o governo federal tomaria medidas para evitar novos desastres. Mas quando se lê hoje sobre escândalos no Ministério da Integração Nacional, conclui-se que os interesses eleitorais prevaleceram sobre tudo. Em oito anos o Congresso Nacional autorizou a aplicação de R$ 2,8 bilhões em programas de prevenção de desastres nessa área, mas só foram aplicados R$ 695,4 milhões (O Globo, 3/1). No ano passado mais de 900 pessoas morreram nas inundações e nos deslizamentos de terras no Estado do Rio de Janeiro. Mas de lá para cá praticamente nada se fez para mudar o quadro – e as novas chuvas estão levando a novos desastres. Em Belo Horizonte dezembro foi o mês mais chuvoso na História, diz o Instituto Nacional de Meteorologia – e o panorama em Minas é desastroso, a começar pelas regiões banhadas ali (e no Estado do Rio de Janeiro) pelo Rio Muriaé. Nas proximidades de Campos, toda a população de Três Vendas, cerca de 4 mil pessoas, teve de abandonar suas residências.
Levantamento do Serviço Geológico do Brasil (O Globo, 3/1) indica que em 251 municípios há risco de acidentes por causa do clima, e 178,5 mil pessoas vivem em áreas de risco alto ou muito alto. Só na cidade de São Paulo 27,1 mil famílias, cerca de 100 mil pessoas, moram em regiões de alto risco. Quase 1 milhão de pessoas ocupam áreas inadequadas, inclusive de preservação permanente. Ainda há pouco o Ministério Público recorreu à Justiça para exigir que os órgãos estaduais e municipais promovam obras em 121 favelas onde 20 mil moradias correm o risco de sofrer com deslizamentos.
É preciso repetir: mudanças climáticas já são o mais grave problema a enfrentar, aqui e em toda parte. Há poucos dias, a Universidade de Louisiana (EUA) advertiu que são muito fortes os riscos para a população de 16 países no Sul da Ásia, com o derretimento de geleiras, que se verifica também no Ártico e nos Andes. O governo das Ilhas Maldivas, no Pacífico, anunciou que vai cuidar da transferência de parte de sua população para a Austrália por causa da elevação do nível do mar, que já está acontecendo e ameaça mais de 30 países-ilhas.
Iniciativas importantes estão ocorrendo nas áreas de energia, transportes, construção e outras para reduzir emissões de poluentes. De modo geral, entretanto, continuam a prevalecer, nos negócios públicos e em empresas, as lógicas financeiras imediatistas. Quando acordaremos? Poderíamos dar um bom exemplo ao mundo no caso do nosso Código Florestal, durante a próxima votação. Os cientistas já mostraram que não é preciso retroceder na proteção aos biomas para expandir a agropecuária. É preciso ouvi-los.

Arquiteto propõe 'edifício de vida selvagem' contra poluição em áreas urbanas

(Imagem: Koen Olthuis - Waterstudio.NL)

Em vez de usar o espaço urbano para construir estruturas apenas para os seres humanos, um arquiteto holandês resolveu pensar em projetos urbanísticos também para a vida selvagem.

"Quanto mais construímos, mais deslocamos a flora e a fauna", justificou o arquiteto J. Koen Olthuis. Daí a ideia de construir algo destinado apenas a animais e plantas. "Há pouco espaço nas cidades grandes, mas ainda podemos aproveitar a água", disse à BBC Brasil.

Assim surgiu a Sea Tree ("árvore marinha", em tradução livre), uma construção de cerca de 30 metros de altura (mais cerca de 6 a 8 metros sob a superfície) que tem como objetivo servir de refúgio para plantas, animais marinhos e pássaros, por exemplo.

A estrutura do projeto é semelhante à de uma usada para construir plataformas de petróleo no mar, mas serve para grandes rios e lagos urbanos. O custo, estima, é de cerca de US$ 9 milhões (R$ 16 milhões), "mas estamos tentando barateá-lo".

Olthuis argumenta que projetos como esse podem aumentar a fauna e flora das cidades grandes, ajudar a limpar rios poluídos e absorver a água da chuva. 



folha.uol.com.br

Sobe para 12 número de crianças indígenas mortas no Acre


KÁTIA BRASIL
DE MANAUS

Subiu para 12 o número de crianças indígenas que morreram após terem sintomas de febre alta, vômito e diarreia em aldeias do Acre, segundo nota divulgada nesta sexta-feira (20) pelo Ministério da Saúde.

Uma equipe da área epidemiológica foi enviada ao município de Santa Rosa do Purus, onde ficam as aldeias, para investigar a suspeita de um surto de rotavírus.

A equipe, formada por médicos, epidemiologistas, engenheiros e enfermeiros, terá apoio do Exército para trabalhar na região, que faz fronteira com o Amazonas e o Peru.

Na quinta-feira, o Ministério da Saúde havia confirmado a morte de nove crianças das etnias culina e caxinauá por diarreia aguda.

Nesta sexta, mais uma criança indígena, de um ano e sete meses, morreu no Hospital da Criança, em Rio Branco. As outras duas mortes confirmadas ocorreram nas aldeias da região do Alto Rio Purus.

Outras quatro crianças estão internadas com quadro estável em Rio Branco.

Segundo o Cimi (Conselho Indigenista Missionário), vinculado à Igreja Católica, há descaso por parte do governo. Lindomar Padilha, do Cimi, disse que famílias de crianças doentes estão viajando em busca de tratamento sem apoio oficial.

Em nota, o Ministério da Saúde afirmou que as crianças internadas foram atendidas pela equipe de saúde indígena e removidas das aldeias por meio de avião fretado pelo órgão.

Fonte: folha.uol.com.br