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quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Quem tem o poder de Mudança?

Brasília, 23/12
Por: João P. Monteiro

Quando compramos um salgadinho qualquer no mercado sabemos a fonte de todo o material que compõe aquela embalagem?
O automóvel que acabou de ser lançado pela indústria e que nos faz trabalhar o dobro para que o alcancemos e que muitas vezes não precisamos. Será que sabemos a origem do aço, do couro, do plástico? Pior, será que sabemos quantos gramas de carbono ele emite por quilômetro rodado? Seria surpresa dizer que, numa viagem, de aproximadamente 1.500 km, lançamos aproximadamente 1 tonelada de carbono na atmosfera? Será que temos consciência de que respiraremos todo esse gás tóxico que sai do escapamento? E o mais engraçado: será que sabemos o que respiramos? Provavelmente não, desde que tenhamos o que respirar, estamos tranquilos e nada nos abala, a não ser o novo Amarok da Ford que foi lançado recentemente e que faz muita gente passar ao menos duas horas a mais trabalhando para ter um e se não há precisão, arrumamos algumas em qualquer mesa de bar sentado com os amigos por que a propaganda diz que ele é o melhor e que precisamos ter igual. Digo algumas porque é fácil conseguir precisão num carrão desses.
Segundo Gabrielle Walker, jornalista da área ambiental, o setor de transportes é responsável por 13% das emissões globais de gases do efeito estufa. Quase toda a energia que move o transporte vem do petróleo, e, a menos que haja uma mudança expressiva no caminho que ora trilhamos, em 2030 as emissões dos transportes terão aumentado 80% em relação aos níveis de hoje. Haja pulmão e atmosfera!
Todo ser vivo, seja ele de origem animal ou vegetal, tem em sua composição o carbono, há milhões de anos morreram e foram compactados junto ao solo, e que pelas alterações químicas e físicas do interior do planeta formaram o petróleo.
De fato, tudo que nos cerca tem como origem o combustível fóssil, de uma boneca que damos às nossas filhas no natal, dos carrinhos que nossos filhos pedem ao papai noel e até mesmo o computador que estou usando agora para escrever este artigo.
Todos os anos milhares de quilômetros de florestas são queimados, as indústrias lançam 12 bilhões de toneladas de gases de efeito estufa, e também há processos inevitáveis, como a vaca que como resultado do processo de digestão gera metano.
O processo de efeito estufa é natural, sem ele a temperatura da Terra seria tão baixa que não haveria condição alguma de abrigar vida em sua superfície, algo em torno de 200°C negativos. Contudo, quando retiramos carbono das profundezas dos oceanos, estamos liberando bilhões de toneladas de carbono que não faz parte da nossa “era”, ou seja, além dos automóveis, dos aviões, das vacas, do consumo, das florestas queimadas, das usinas nucleares a atmosfera tem que dar conta do infame combustível fóssil que estava enterrado!
Tecnologia e profissionais disponíveis nós temos, o que falta é imposição dessa onda de consumo verde que a cada ano está se tornando mais forte. Quem poderá impor isso não é nenhum país poderoso, somos nós consumidores que ao irmos ao supermercado, levamos nossas sacolas retornáveis, que ao comprar um carro, perguntamos não só quanto custa ou qual a melhor forma de pagamento, mas também quanto de gás de efeito estufa aquele automóvel emite. É usar a bicicleta para ir à academia ou à faculdade ou mesmo comprar pães. Nos falta vontade. O ser humano se comporta como um filho único, que acha que o umbigo é o centro da Pangeia e que nada ao redor é problema dele.
Darwin já dizia em seu livro sobre evolução das espécies que a que não se adaptasse ao meio seria descartada pela natureza pela lei de seleção natural.
Alguns milhões de anos à frente, após uma era do gelo ou um superaquecimento de verdade, espero eu, haverá pessoas conscientes sobre o uso de matéria-prima oferecida pela natureza e também nos terão como exemplo de fracasso.
Temos capacidade de nos colocar no topo da cadeia alimentar e dizer que somos racionais...  E não temos capacidade de mudar hábitos adquiridos?
Somos tão racionais que estamos cavando nossa própria cova, desde a Segunda Revolução Industrial, a centenas de metros no chão: os poços vazios de petróleo.