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quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Milho transgênico questionado na Europa é liberado no Brasil

Autorização dada pelo CNBS coloca em risco a biossegurança brasileira. Ministros ignoraram farta documentação contra variedades da Bayer e Monsanto. Greenpeace fará campanha para obrigar correta identificação de produtos geneticamente modificados vendidos ao consumidor. A exemplo da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), sete dos 11 ministros do Conselho Nacional de Biossegurança (CNBS) ignoraram farta documentação com evidências contra os milhos transgênicos da Bayer (Liberty Link) e Monsanto (MON810) e autorizaram nesta terça-feira em Brasília o plantio e comercialização no país dessas duas variedades geneticamente modificadas.

O Greenpeace repudia a decisão do Conselho e vai iniciar campanha para alertar a população brasileira sobre os riscos desses produtos, além de cobrar autoridades e empresas o respeito à lei de rotulagem, que exige a identificação de todos os produtos fabricados no país com 1% ou mais de matéria-prima transgênica. A lei, em vigor desde 2004, só começou a ser cumprida este ano, e mesmo assim por apenas duas empresas – Cargill e Bunge – para um produto apenas: óleo de soja.

“Infelizmente os ministros do Conselho cometeram o mesmo erro de cientistas da CTNBio ao ignorarem tantos documentos importantes que colocam em dúvida a segurança desses milhos. Alguns países europeus proibiram nos últimos meses a comercialização desses produtos justamente por conta dos problemas apontados por essa documentação”, aponta Gabriela Vuolo, coordenadora da campanha de Engenharia Genética do Greenpeace Brasil.

“A biossegurança brasileira está desde já ameaçada e nos resta agora cobrar com firmeza o governo e as empresas para que identifiquem todos os produtos fabricados a partir de matéria-prima transgênica. A população tem o direito de saber exatamente o que está consumindo”, diz Vuolo.

Votaram a favor da liberação do plantio e comercialização dos milhos transgênicos no Brasil os ministros da Agricultura, Ciência e Tecnologia, Relações Exteriores, Desenvolvimento, Defesa, Justiça e Casa Civil. Votaram contra os representantes das pastas de Saúde, Meio Ambiente, Desenvolvimento Agrário, e Aqüicultura e Pesca.

“O resultado da votação deixa claro que no Brasil, infelizmente, a saúde e o meio ambiente estão a reboque da ciência, tecnologia e do agronegócio”, avalia Gabriela Vuolo.

O Greenpeace enviou no último dia 8 de janeiro uma carta aos 11 ministros do CNBS com vários documentos que apontam sérios problemas para o meio ambiente e saúde causados pelos milhos da Bayer e da Monsanto - estudos de contaminação genética provocada por lavouras de milho transgênico, evidências científicas sobre o risco à saúde e ao meio ambiente causado pelas variedades geneticamente modificadas aprovadas no Brasil, e relatórios de governos europeus justificando o motivo da proibição dessas variedades nos respectivos países.

As variedades autorizadas no Brasil pelo CNBS foram proibidas em inúmeros países. No Reino Unido, por exemplo, a própria Bayer retirou seu pedido de liberação comercial, já que não podia garantir a segurança do milho Liberty Link. No caso do MON810, a lista de países europeus em que ele está proibido é extensa e relevante: Alemanha, Áustria, França (maior país agrícola da Europa), Grécia, Hungria, Polônia e Suíça.

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