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sábado, 4 de dezembro de 2010

O Tema tá bem quente!

É... a coisa está mais complicada do que eu imaginava!

Imaginem só... Um dia desses fui a uma livraria comprar um DVD e numa das prateleiras encontrei um livro que, não vou mentir, me chamou atenção pela capa, contudo o conteúdo era surpreendentemente mais interessante...

Escrito por Gabrielle Walker e Sir David King, “O Tema Quente” logo na apresentação parece um daqueles livros que quando chegamos na página 20 nos arrependemos de ter comprado. Eis a surpresa! Após a 20ª página estava sem fôlego pela quantidade astronômica de dados científicos algumas vezes confusos confesso, mas nada que um dicionário não nos faça compreender e o melhor de tudo: não conseguia parar de ler!

Com sugestões de nada mais nada menos que James Lovelock, criador da Hipótese de Gaia e Al Gore de A Verdade Inconveniente, o livro reordena todas as informações que a mídia nos bombardeia todos os dias. Informações que antes nos parecia longe da compreensão e que somente cientistas pareciam entender, ficam fácil com a forma discretamente coloquial utilizada na tradução da obra.

Uma informação me chamou atenção: O DERRETIMENTO DO PERMAFROST (pag. 81)

“Nos gélidos confins do ártico, se encontra um fator imprevisível que faz até mesmo o mais comedido cientista ter medo. Do Alasca e do norte do Canadá até as regiões mais ao norte da Europa e da Sibéria, existem milhões de quilômetros de terra congelada. Em alguns lugares, a terra é coberta por abertos negros; em outros, há ciperáceas, turfeiras, lagos congelados e charcos. Mas, perto de suas áreas limítrofes, e às vezes no coração dessa terra gélida, o degelo já começou.

Os abertos do norte do Canadá começaram a pender a esmo, conforme o chão abaixo deles se desfaz. Buracos gigantes abriram-se no Alasca à medida que o gelo que antes segurava o solo transforma-se em água e escorre. Os lagos da Sibéria começaram a acordar de seu sono gelado. E todos estão, inexoravelmente, emitindo dióxido de carbono.

Trata-se do permafrost do ártico, assim chamado porque contém uma camada de solo que permanece congelado no verão e no inverno. Esse solo age como um freezer, mantendo preso carbono na forma de folhas, raízes, musgos mortos – qualquer coisa que algum dia já esteve viva. Mas a energia do freezer foi desligada, e o carbono lá dentro começou a apodrecer.

Igualmente assustador é o fato de que, quando se trata do degelo do permafrost, temos muito poucos dados. Até pouco tempo atrás, esforços de pesquisa foram fragmentados esporádicos demais para fornecer uma visão global do problema. Agora, cientistas que estudam o Ártico estão lutando para entender exatamente o que acontecerá.

Nesse caso, o assustador é a escala em potencial do problema. Alguns pesquisadores estimaram que poderia haver 900 gigatoneladas de dióxido de carbono esperando para serem liberadas do chão em apodrecimento. Mesmo que uma pequena porcentagem desse dióxido de carbono conseguisse escapar, isso poderia dobrar ou triplicar o efeito das emissões humanas. E, então, seria o fim de qualquer possibilidade de se combater o aquecimento global. ”

FUNERAL SUSTENTÁVEL

Por Joe Shee, diretor executivo da ONG Green Burial Council uma das maiores divulgadoras do funeral verde nos Estados unidos.
Eu me dei ao trabalho de fazer as contas: todos os anos, nos Estados Unidos, os caixões usados em funerais lançam no solo mias metal do que tudo o que foi usado para construir a Golden Gate, em São Francisco, os gavetões das sepulturas usam concreto suficiente para construir uma avenida de duas pistas ligando Nova York a Detroit (os dados foram coletados pela Assossition of American Cemetery Superintendents). Em 2009, os americanos enterraram no solo 3,1 milhões de litros de fluidos para embalsamento, 104 mil toneladas de aço e 2.700 toneladas de bronze. A preocupação com o meio ambiente pode ajudar a repensar alguns hábitos que nós repetimos simplesmente porque não refletimos a respeito. Como os enterros sempre acontecem em momentos dolorosos, obviamente, não há muito espaço para raciocinar sobre costumes. Daí que acabamos entupindo nossos entes queridos com produtos químicos e os enfurnando em caixões que apenas dificultam sua devolução para a natureza. Sem contar no mal que causamos ao meio ambiente.
Se nos Estados Unidos este já é um movimento crescente, principalmente na Califórnia e Nova Inglaterra, que já evitam o embalsamamento químico, na Europa ele tende a se tornar dominante já nos próximos anos, uma vez que o formaldeído usado no processo foi banido neste ano, por conta de poluir os solos e matar microorganismos importantes ao meio. Hoje, oito estados americanos já têm cemitérios com seções verdes. Usa-se uma camada de gelo, colocada sob o corpo, para garantir sua preservação. A água que derrete é conduzida por canais em direção a um recipiente. Na hora do enterro, o corpo é envolvido por tecidos finos, que se degradam rápido. Depois, é colocado em uma placa feita de galhos de madeira, e assim depositado direto na terra. Como não é sólida, a madeira facilita a decomposição e a absorção de nutrientes pelo solo.
E quanto à cremação? Ela é nociva de outra forma: cada cremação emite 150 quilos de gases na atmosfera, entre eles o CO2, e mercúrio que vem da queima de obturações dentárias.


Fonte: Revista Galileu. Dezembro de 2010. Nº 233.