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sábado, 17 de novembro de 2012

De olho nos mutantes


Juliana Elias – Revista Galileu Ed. 256

Imagem de ratinhos com tumores imensos inundaram a Europa no fim de setembro. Os animais comeram por dois anos uma espécie de milho transgênico durante uma pesquisa da Universidade de Caen, na França. Primeiro estudo de longo prazo feito com a semente NK603 – uma das mais vendidas do mundo –, ele retomou com força o debate sobre os riscos desse tipo de alimento.

Após comer milho transgênico, ratos tiveram tumores do
tamanho de bolas de pingue-ponge. Em humanos, pouco
se sabe sobre as consequências, a longo prazo, para a saúde
Na pesquisa, os ratinhos foram separados em grupos que comiam só milho transgênico, milho normal com herbicida ou transgênico com herbicida. A mortalidade entre essas cobaias foi até 3 vezes maios, no caso das fêmeas, em comparação com os animais do grupo de controle – que comiam milho normal e nada de herbicida.

O estudo foi publicado no Food and Chemical Toxiccology Review, importante publicação científica, e acompanhou os animais por 24 meses, enquanto os testes para aprovar transgênicos costumam exigir apenas 3 meses. “Os primeiros grandes tumores apareceram entre o quarto e o sétimo mês, ressaltando que o padrão atual de triagem não é adequado”, dizem os autores da pesquisa, no artigo.

Parte da comunidade científica e os fabricantes de transgênicos, é claro, questionaram as conclusões da pesquisa. Alegam, por exemplo, que ela não descreve detalhadamente a dieta normal dos ratos de controle e inclui poucos animais nesse grupo. Por isso, a Autoridade Europeia de Segurança dos Alimentos pediu mais dados aos pesquisadores para emitir uma posição definitiva.


“O relatório deixa várias questões em aberto”, diz Helaine Carrer, professora da Escola Superior de Agricultura da USP, lembrando que os transgênicos estão há quase duas décadas no mercado. “Mas as consequências que o estudo levanta são suficientemente graves e não podem ser ignoradas.”

Novo cometa será visível a olho nú em novembro de 2013


wikipedia

C/2012 S1 (ISON) é um cometa rasante descoberto em 21 de setembro de 2012 por Vitali Nevski de Vitebsk, Bielorrússia e Artyom Novichonok de Kondopoga, Rússia. A descoberta foi realizada utilizando um telescópio refletor de 400 mm de abertura do observatório da ISON nos arredores de Kislovodsk na Rússia. Foram rapidamente obtidas imagens para precovery do Mount Lemmon Survey do dia 28 de dezembro de 2011 e do Pan-STARRS do dia 28 de janeiro de 2012. Observações subsequentes foram realizadas no dia 22 de setembro por uma equipe do observatório Remanzacco da Itália usando a rede de telescópios iTelescope. A descoberta foi anunciada pelo Minor Planet Center no dia 24 de setembro.
ISON em imagem de setembro de 2012 feita pelo observatório
Remazacco, Itália.

A órbita preliminar mostra que o cometa atingirá o periélio (maior aproximação do Sol) no dia 28 de novembro de 2013 a uma distância de 1 800 000 km do centro do Sol. Levando em conta o raio solar de 6,955×105 km o cometa passará aproximadamente a 110 mil km da superfície do Sol. Sua órbita aproximadamente parabólica sugere que seja um novo cometa vindo da nuvem de Oort. Cálculos preliminares mostram que em sua maior aproximação de Marte no dia 1 de outubro de 2013 o cometa passará a 10 milhões de km e na maior aproximação da Terra no dia 26 de dezembro de 2013 passará a 60 milhões de km.

No momento de sua descoberta a magnitude aparente era 18,8, escuro demais para ser visto a olho nu mas com brilho suficiente para ser fotografado por amadores com grandes telescópios. O brilho aumentará gradualmente a medida que se aproximar do Sol. Por volta de agosto de 2013 deve estar visível para pequenos telescópios e binóculos, tornando-se visível a olho nu no final de outubro ou no início de novembro e permanecendo assim até o meio de janeiro de 2014. Quando o cometa atingir o periélio no dia 28 de novembro ele estará a menos de 1° do Sol, tornando sua observação difícil dado o brilho do Sol. O cometa pode se tornar extremamente brilhante se permanecer intacto, provavelmente atingindo magnitudes negativas. De acordo com a revista Astronomy Now pode até se tornar mais brilhante que a lua cheia, entretanto a previsão do brilho de um cometa é difícil, especialmente um que passará muito perto do Sol e pode ser afetado pela dispersão frontal da luz. Os cometas Kohoutek e C/1999 S4 não cumpriram a expectativa, mas se o ISON sobreviver pode se tornar semelhante ao Cometa McNaught, ao Grande Cometa de 1680 e ao cometa C/2011 W3 (Lovejoy). O mais brilhante desde 1935 foi o Cometa Ikeya–Seki em 1965 com magnitude -10.

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

E se acabar?


João Paulo Monteiro

As grandes cidades passam a impressão de baixa vulnerabilidade em relação à escassez de água que hoje assola diversos países em pelo menos 3 continentes. Há pouca disponibilidade de recursos hídricos em nações da Europa, Ásia e África. Países como Kuwait e Holanda, no Oriente Médio e Europa respectivamente, já importam pelo menos 85% de seu consumo. No caso do Kuwait é vender petróleo para comprar água, realidade esperada para daqui algumas décadas somente.
Água Potável Disponível - Revista Galileu n° 254

A falta de água já é responsável por conflitos em diversos países. Em mapeamento liderado por Todd Jarvis, diretor do Instituto para Água da Universidade do Estado do Oregon (EUA), foram detectados pelo menos 2 mil conflitos que, direta ou indiretamente, sustentavam-na como motivo causador.

“Jogue um dardo no mapa e em qualquer lugar que ele caia provavelmente haverá um conflito acontecendo por causa de água”, diz Todd Jarvis. “Os conflitos por conta da água crescem junto com a população e com as mudanças climáticas. Mesmo em abundância, ela não pode ser suficiente para todo o aumento da demanda”, completa.

Rastro Hídrico - Revista Galileu n° 254
Quanto de água é utilizada na fabricação de 1 litro de cerveja? 296 litros! Essa ausência de curiosidade não permite, aos que apreciam, mensurar a quantidade de água utilizada no processo de fabricação. Para cada quilo de chocolate são utilizados 17.196 litros e para um quilo de carne bovina, 15.415.

Dizer que gestos simples são necessários ao bom uso da água se tornou clichê. Saber que enquanto escovam-se os dentes é possível economizar até 95% de água pode chamar a atenção de muitos e isso os fará fechar a torneira, mesmo que por curiosidade.

Fechar a torneira pode ser o começo, mas a introdução de uma cultura de uso eficiente é o que realmente irá transformar um caótico futuro sem o “ouro transparente”.

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Poluição do além-túmulo

Marcus Farah

  

 Um grande problema da maioria dos semitérios brasileiros é o vazamento do chorume, um líquido resultante do processo de apodrecimento de matéria orgânica, no caso, dos corpos. Esse líquido acaba contaminando os lençóis freáticos (reservatórios de água subterrânea decorrente da infiltração no solo da água das chuvas). Confiram a notícia a seguir.

  

Poluição do além-túmulo

 

Cemitérios do país têm graves problemas ambientais; vistorias no estado comprovam

 

Rio -  É lema entre os coveiros a máxima de que “só temos que ter medo dos vivos”. Em termos de cuidados com o meio ambiente, porém, o além-túmulo também preocupa, e muito.

Levantamento de um dos maiores especialistas no assunto indica que 75% dos cemitérios públicos do Brasil têm problemas ambientais, principalmente com vazamento do necrochorume — líquido oriundo da decomposição dos corpos — para lençóis freáticos. No Rio de Janeiro, recentes vistorias comprovam 
os problemas.

Geólogo, mestre em engenharia sanitária e professor da Universidade São Judas, Lezíro Marques Silva, que vistoriou 1.107 cemitérios, prepara estudo nacional com estatísticas sobre o assunto. Segundo ele, os cemitérios sofrem principalmente com falta de cuidado com a escolha do local e desleixo na impermeabilização das sepulturas.“Sabe aquelas manchas que parecem gordura que vemos nos muros dos cemitérios? Podem ser necrochorume”, explica Lezíro Silva.
  
viajar pela água e contaminar os vivos com um série de doenças”.

O geólogo ajudou o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) a fazer resoluções cobrando mais cuidado com as covas. Segundo ele, o fundo das sepulturas deve ser impermeabilizado ou o caixão, forrado por fora com manta de tecido especial.

Mas o ideal é que cemitérios seguissem padrões de aterros sanitários, com o lençol freático mais profundo possível, rocha impermeável e distância dos centros urbanos. “Além disso, seria interessante haver mais cremações”, acrescenta.

Cenas que lembram um filme de terror

Medidas como a impermeabilização e cuidados com o armazenamento de resíduos de corpos cremados evitariam cenas como as constatadas por operações de fiscalização da Coordenadoria de Integrada de Combate aos Crimes Ambientais (Cicca), Inea e delegacias especializadas em combate aos crimes ambientais nos últimos meses.

O coordenador da Cicca, José Maurício Padrone conta que, como os cemitérios nunca tinham sido fiscalizados, a situação encontrada foi terrível. “Igual, só em filmes de terror”.

Entre as irregularidades estavam resíduos de cremação “amontoados”, o despejo de produtos para conservação de cadáveres em rios, vazamento de necrochorume e cemitérios em terrenos baixos que ficavam inundados.

Interdições em Xerém e no Caju

Segundo José Maurício Padrone, cemitérios com irregularidades ambientais podem ser interditados ou notificados. Um dos vistoriados recentemente foi o Cemitério do Caju, no Rio.

O forno do ossuário foi lacrado e interditado. Havia resíduos e resto de exumação na área externa do ossuário ao lado do forno. Padrone explica que a área do depósito de ossos está sendo reformada para atender às exigências.

Já em Xerém, em Duque de Caxias, o cemitério foi parcialmente interditado. Em dias de chuva forte, quando havia inundações, crânios rolavam para áreas residenciais vizinhas.