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quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Painel do clima da ONU errou ao prever degelo no Ártico

Um novo estudo de cientistas dos EUA e da França sugere que o IPCC, o painel do clima das Nações Unidas, errou feio em suas previsões sobre o degelo do Ártico. No caso, errou para baixo: o derretimento observado é quatro vezes maior do que apontam os modelos.

O grupo de pesquisadores liderados por Pierre Rampal, do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), publicou seus dados na edição desta semana do periódigo "Journal of Geophysical Research".

Eles uniram dados de modelagem com observações de satélites, navios e até submarinos para estimar que o mar congelado que recobre o oceano Ártico está afinando a uma taxa de 16% por década. Os modelos que alimentaram o relatório do IPCC, publicado em 2007, estimam essa taxa em 4%.

Segundo Rampal e seus colegas, os modelos climáticos computacionais que estimaram um polo Norte sem gelo no verão em 2100 estão atrasados 40 anos em relação às observações. Da mesma forma, o papel da chamada "amplificação ártica" --como é conhecido o efeito de aumento da temperatura devido à perda do gelo marinho e à maior absorção de radiação solar pelo oceano-- provavelmente foi subestimado.

Isso se deve principalmente ao fato de que os modelos não conseguiram reproduzir o aumento de velocidade que ocorre quando o gelo fica mais fino.

O mar congelado do Ártico está em permanente movimento, seguindo as correntes. Todo verão, elas empurram enormes quantidades de gelo para fora do oceano Ártico, pelo chamado estreito de Fram, entre a Groenlândia e o arquipélago norueguês de Svalbard, diminuindo a área do mar congelado.

Acontece que, com a água mais quente, as placas de gelo ficam mais finas (a média entre 1980 e 2008 é de 1,65 metro de afinamento no verão) e se rompem mais. Isso consequentemente aumenta a velocidade de "exportação" do gelo e, por consequência, amplia a redução de área da banquisa.

Em agosto deste ano, a Folha teve oportunidade de experimentar essa alta velocidade do gelo no estreito de Fram a bordo do navio Arctic Sunrise, da ONG Greenpeace. A amarrado a uma placa de gelo de mais de 200 m de comprimento, o navio derivou cerca de 80 km em dois dias.

Rampal afirma que os modelos falham em capturar essa relação entre deformação e velocidade. Aplicando a metodologia usada no novo estudo aos modelos, eles conseguiram resolver quase todas as diferenças entre modelos e observações --o que pode ajudar a estimar com maior precisão o papel do Ártico no clima futuro da Terra.

Fonte: folha.com
Texto de Cláudio Angelo

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Personalidades do país gravam vídeo contra projeto do Código Florestal

Idealizado pelo cineasta Fernando Meirelles, vídeo é parte de campanha.

Foco é ganhar a atenção do Senado e barrar pontos polêmicos na nova lei.


Com o objetivo de reforçar o pedido aos senadores para que tenham cuidado ao analisar o projeto do Código Florestal, a campanha “Floresta faz a diferença”, idealizada por 152 organizações ambientais do país e entidades da sociedade civil, lançou uma série de vídeo-depoimentos com atores, jornalistas e especialistas em meio ambiente.
O vídeo foi idealizado pelo cineasta Fernando Meirelles, que pediu a pessoas como Gisele Bündchen, Wagner Moura, Rodrigo Santoro, Fernanda Torres e Rodrigo Santoro para gravarem de forma voluntária depoimentos com declarações contra as mudanças na legislação ambiental do Brasil.
Ao todo são 25 depoimentos, cada um com aproximadamente um minuto, que vai reforçar a campanha do “Comitê Brasil em Defesa das Florestas e do Desenvolvimento Sustentável”, coalizão de entidades contrárias às mudanças na legislação ambiental do país.
O ator Wagner Moura é um dos que aderiu à campanha contra mudanças no Código Florestal (Foto: Divulgação/Floresta faz a diferença)O ator Wagner Moura é um dos que aderiu à campanha contra mudanças no Código Florestal (Foto: Divulgação/Floresta faz a diferença)
Um abaixo-assinado virtual contra a mudança do Código Florestal pode ser preenchido no site www.florestafazadiferenca.com.br. Além do site, o movimento pede a inclusão da hashtag #florestafazadiferenca no Twitter.
De autoria do senador Luiz Henrique (PMDB-SC), o projeto de lei foi aprovado no último dia 21 de setembro na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) do Senado, mas o texto ainda passar por outras 3 comissões, antes de ser levado à votação em plenário. A previsão é que isto ocorra na primeira quinzena de novembro.
Cientistas também fazem apelo
A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e a Associação Brasileira de Ciências apresentaram na última semana sugestões concretas para os senadores que analisam a proposta de alteração do Código Florestal, já aprovada pela Câmara.
As duas entidades elencaram dez pontos que preocupam ou precisam ser levados em conta pelos senadores ao votar a questão. É a segunda contribuição das instituições, que lançaram, em abril, um livro para ajudar na modernização do Código Florestal.
Pela lei atual, não se pode plantar ou ocupar áreas de várzea, encostas inclinadas e topos de morro, consideradas Áreas de Preservação Permanente (APPs). Os cientistas discordam da possibilidade, no texto do novo Código, de regularizar áreas desmatadas até 22 de julho de 2008 - que não precisariam voltar a ter cobertura vegetal.
Além disso, na proposta em análise pelos senadores, os mangues, por exemplo, perdem a proteção. Mas os cientistas defendem que essas áreas - berçários de inúmeras espécies - sejam mantidas como APP.
Fonte: G1.com.br