Bachia oxyrhina foi descoberto em janeiro em expedição no Tocantins.
Um lagarto sem patas encontrado no cerrado foi reconhecido oficialmente como uma nova espécie. A oficialização do reconhecimento do lagarto como nova espécie ocorre após a publicação de sua descrição na edição de setembro da revista científica "Zootaxa".
O Bachia oxyrhina tem cauda e corpo alongados, o que dá a impressão de que não tem patas aparentes. As patas do lagarto são rudimentares e não têm função locomotora, segundo o analista de biodiversidade da ONG Conservação Internacional (CI-Brasil) e coordenador da expedição, Cristiano Nogueira. O pesquisador diz que o lagarto se locomove ondulando o corpo sob o solo arenoso da região onde foi encontrado. O lagarto tem focinho afilado e é capaz de abrir caminho na superfície do solo.
Segundo Nogueira, a formalização da descrição científica de uma nova espécie representa o primeiro passo para seu melhor conhecimento pela comunidade científica internacional. Nogueira diz que, com as descrições científicas, os pesquisadores têm condições de elaborar listas de espécies existentes em determinada área e mapear a biodiversidade e a importância biológica da região. "Esses dados são essenciais para o planejamento de estratégias de conservação adequadas", afirma.
A descrição do Bachia oxyrhina é a terceira de lagartos do mesmo gênero desde 2007. "Esses acréscimos à lista de lagartos do cerrado indicam que ainda estamos longe de conhecer a biodiversidade do bioma para conservá-lo adequadamente, um problema sério quando consideramos a rapidez da expansão agrícola da região", diz o pesquisador Miguel Trefaut Rodrigues, do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo.
Primeiro autor da descrição da nova espécie, Rodrigues diz que a taxa de descoberta de novas espécies no cerrado é considerada alta em comparação com a de outras regiões e indica que várias espécies podem ter sido extintas com a destruição do ambiente sem deixar traços.
A expedição no Cerrado contou com a participação de pesquisadores da CI-Brasil, do Instituto de Biociências e do Museu de Zoologia da USP, da Universidade Federal de São Carlos e da Universidade Federal do Tocantins. A iniciativa foi financiada pela Fundação O Boticário de Conservação da Natureza, com apoio da ONG Pequi-Pesquisa e Conservação do Cerrado.
Fonte: G1.com.br
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